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    Pra ficar com a amarela basta não amarelar

    por Leandro Bittar

    É o fim do suspense. Se Jonas Vingegaard ainda precisa completar 3 próximas etapas para confirmar o título do Tour de France, não precisa provar para mais ninguém que é o ciclista mais forte – o justo merecedor – da camisa amarela. Nesta quinta-feira, na última batalha nas montanhas, ele venceu solitário a etapa. Em um gesto imponente de suas virtudes. Sua vitória foi ainda maior com a bravura com a qual Tadej Pogacar lutou como seu grande rival. Um grande Tour de France.

    Segundo no ano passado, Vingegaard foi o melhor desta edição

    Hoje foi o dia da Jumbo-Visma aplicar com sucesso seu plano. Dominou as principais ações e teve mais uma vez em Wout Van Aert uma figura indescritível. Não há palavras e, muito menos, limites para descrever o que pode ser capaz esse ciclista belga que andou o dia todo na fuga. Selecionou o grupo na segunda montanha e esfarelou dois ciclistas de valor, Thibaut Pinot e Dani Martinez, na subida do Hautacam.

    Wout Van Aert largou Tadej Pogacar numa subida HC. Só isso.

    Enquanto isso, Pogacar contou com o trabalho de Brandon McNulty novamente e atacou Vingegaard no final do Col de Spandelles, uma subida inédita no Tour de France. Os dois ficaram isolados rumo ao Hautacam. Vingegaard sempre muito conservador, mas nunca em dificuldades para acompanhar o esloveno. Na descida, o dinamarquês tomou o primeiro susto, mas foi Pogacar quem caiu. Vingegaard esperou pelo esloveno em um dos mais belos atos esportivos dessa edição.

    Momento decisivo para as pretensões de Pogacar e um lindo gesto de Vingegaard

    O susto permitiu que outros ciclistas se reconectassem. Sepp Kuss foi um deles. A partir dali, o escalador norte-americano escoltou tão bem seu líder que apenas Pogacar resistiu com eles. Quando os dois ciclistas da Jumbo encontraram Wout Van Aert poucos quilômetros do topo da subida Hors-Categorie, Kuss encerrou seu trabalho. Foi o camisa verda (!!) que puxou a ponta até que Tadej Pogacar desconecta-se. Sim. Na última grande montanha desta edição, o líder da camisa verde, um clássicomano-contrarrelogista-puncher-gregario largou o grande nome da atualidade de roda.

    Como deve ser, de amarelo, sozinho, na etapa rainha: ABSOLUTO.

    Naquele momento, o camisa amarela e o camisa verde tinham condições de vencer a etapa. Quem fizesse, levaria também o prêmio de montanha – a camisa de bolinhas – desta edição. Por mais que todos nós tenhamos titubeados, para a Jumbo não restava dúvida: a etapa-rainha é do camisa amarela. Vingegaard atacou e pela segunda vez cruzou sozinho a chegada nesta edição. Desta vez, de amarelo. Impressionante.

    O incrível Wout comemora o terceiro lugar e a vitória da Jumbo

    Convido todos vocês a acompanharem a Cobertura Gregario Tour de France, onde eu converso com o Nicolas Sessler sobre os pormenores dessa disputa. Merecemos sua companhia: https://youtu.be/g8pMDUlb8Go

    Amanhã, com tudo muito definido nas classificações e no pódio final, devemos ter uma grande disputa pela etapa 19. O percurso tem duas subidas no final que podem atrapalhar as já maltratadas pernas dos velocistas. Poderia ser a chance de um dia monótono nesse Tour. Talvez o único. Mas eu desconfio que vai ser legal. A única vez que o Tour chegou em Cahors foi um francês. E não qualquer francês, o combativo Jacky Durand. A francesada vai à bloc.

    Na imagem, os grandes vencedores dessa edição.

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