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    Otimizando o Treino Feminino: Sincronizando os treinos com o Ciclo Menstrual para o Melhor Desempenho e Bem-Estar

    Para muitas mulheres que amam treinar duro e intenso, o ciclo menstrual é um fator que pode influenciar o desempenho físico e o bem-estar geral. Compreender as flutuações hormonais e adaptar a rotina de treinos a cada fase pode ser uma estratégia poderosa para otimizar os resultados, minimizar desconfortos e promover uma relação mais saudável com o corpo.

    A ideia aqui não é simplesmente definir que você deve treinar mais leve necessariamente em algumas fases do ciclo, mas sim te auxiliar a entender como o seu corpo responde de forma individual em cada ciclo, já que em uma rotina comum há fases da vida com mais ou menos treino, maior estresse em outras áreas da vida, que muitas vezes impactam diretamente em como o seu corpo responde ao treino.

    Este guia, embasado em evidências científicas, explora como conciliar os treinos com o ciclo menstrual, destacando a importância de hábitos de vida saudáveis e da autoconexão.

    Entendendo as Fases do Ciclo Menstrual e Seus Impactos no Treino

    O ciclo menstrual, que dura em média 28 dias, é regulado por uma complexa interação de hormônios, principalmente estrogênio e progesterona. Essas flutuações hormonais podem afetar a força, a resistência, a recuperação e até mesmo o humor.

    Para algumas mulheres o ciclo menstrual gera muito constrangimento, mas não precisa ser assim. Você pode aos poucos entender os sintomas como um fator de regular o seu corpo e decidir como fica melhor para você organizar seus treinos com um treinador, nutricionista ou mesmo sozinha. Sugiro ter acompanhamento profissional caso treine para provas!

    1. Fase Folicular (Do 1º dia da menstruação até a ovulação)

    • O que acontece: Nesta fase, os níveis de estrogênio aumentam progressivamente. Muitas mulheres experimentam mais energia, força e uma melhor capacidade de recuperação.
    • No treino de endurance: Este é um período excelente para treinos de maior volume e intensidade. Sinta-se à vontade para realizar corridas ou pedaladas longas ou sessões intensas de natação. É quando o corpo pode responder melhor a cargas de treino mais elevadas, favorecendo adaptações e ganhos de desempenho.

     

    2. Fase Ovulatória (Meio do ciclo)

    • O que acontece: Ocorre um pico de estrogênio e, em seguida, a liberação do óvulo. A energia geralmente permanece alta, mas o estrogênio elevado pode aumentar a frouxidão ligamentar, algumas mulheres podem sentir já alguma alteração nessa fase negativa, especialmente se estiverem muito cansadas cronicamente.
    • No treino de endurance: Mantenha a intensidade se sentir bem, mas redobre a atenção à técnica para evitar lesões. Seus treinos de endurance podem continuar com boa performance, mas evite movimentos que coloquem grande estresse nas articulações ou que exijam máxima flexibilidade em posições de alto impacto.

    3. Fase Lútea (Pós-ovulação até a próxima menstruação)

    • O que acontece: Os níveis de progesterona estão elevados, o que pode aumentar a temperatura corporal basal e a percepção de esforço. Sintomas pré-menstruais como inchaço e fadiga também são comuns.
    • No treino de endurance: Este é o momento para reduzir a intensidade e o volume. Opte por treinos de endurance mais leves a moderados, como caminhadas longas, trotes leves, natação relaxante ou ciclismo menos intensos. Priorize a recuperação, alongamentos e atividades que promovam o bem-estar para lidar com possíveis desconfortos e fadiga. Não quer dizer que você precisa reduzir, mas caso tenha muitos sintomas é importante primeiro se conectar com o corpo, ajustar nutrição, descansar mais e dormir melhor e ancorar uma rotina saudável para que esta fase possa ser preservada o máximo possível e avaliada de ciclo a ciclo.

    Pilares Essenciais para o Bem-Estar e Desempenho Feminino

    Além da adaptação do treino, outros fatores cruciais influenciam a capacidade da mulher de conciliar o exercício com o ciclo menstrual:

    1. A Importância de um Sono de Qualidade:

    O sono é fundamental para a recuperação muscular, a regulação hormonal e o bem-estar mental. A privação de sono pode exacerbar os sintomas da TPM, comprometer a performance e aumentar o risco de lesões.

    • Dicas: Priorize 7-9 horas de sono por noite, mantenha um horário de sono regular, crie um ambiente propício para o descanso e evite estimulantes antes de dormir.

     

    2. Hidratação Adequada:

    Manter-se bem hidratada é vital para todas as funções corporais, incluindo a regulação da temperatura, o transporte de nutrientes e a eliminação de toxinas. A desidratação pode levar à fadiga, cãibras e queda de desempenho, especialmente na fase lútea, onde a temperatura corporal pode estar mais elevada.

    • Dicas: Beba água regularmente ao longo do dia, antes, durante e após o treino. Considere a ingestão de eletrólitos em treinos longos ou em climas quentes.

    3. Nutrição Balanceada:

    Uma alimentação rica em nutrientes é a base para sustentar os treinos, auxiliar na recuperação e equilibrar as flutuações hormonais. Lembre-se que se você chegou ao pré-menstrual mais “cansada ou irritada” talvez você aumente o desejo por alimentos que vão aumentar ainda mais retenção hídrica e inflamação.

    • Dicas: Consuma uma variedade de frutas, vegetais, proteínas magras, carboidratos complexos e gorduras saudáveis. Atente-se à ingestão de ferro (especialmente durante a menstruação), magnésio e vitaminas do complexo B, que podem auxiliar nos sintomas da TPM. Evite alimentos processados, excesso de açúcar e cafeína, que podem piorar os sintomas pré-menstruais.

    4. Evitar o Treino em Excesso (Overreaching e Overtraining):

    O excesso de treinamento pode levar à fadiga crônica, queda de desempenho, desequilíbrios hormonais e aumento do risco de lesões. É crucial ouvir os sinais do corpo e permitir tempo adequado para a recuperação.

    • Dicas: Planeje dias de descanso ativo ou completo, varie a intensidade dos treinos, e esteja atenta a sintomas como fadiga persistente, insônia, alterações de humor e dores musculares prolongadas.

    5. Conexão com o Corpo: Anotação dos Sintomas do Ciclo em Aplicativos:

    A prática de registrar os sintomas e sensações em cada fase do ciclo menstrual por meio de aplicativos (como PC (este que eu Juliana uso) Clue, Flo, My Calendar, etc.)) é uma ferramenta poderosa para a autoconexão e o autoconhecimento.

    • Benefícios:
      • Identificação de Padrões: Ajuda a perceber como as flutuações hormonais afetam o humor, a energia, a fome, o sono e o desempenho nos treinos.
      • Adaptação Personalizada: Permite ajustar o planejamento de treino e nutrição de forma mais individualizada e eficaz.
      • Comunicação com Profissionais: Facilita a comunicação com médicos, nutricionistas e treinadores, fornecendo dados concretos sobre o ciclo.
      • Empoderamento: Promove uma compreensão mais profunda do próprio corpo, capacitando a mulher a tomar decisões mais conscientes sobre sua saúde e bem-estar.

    Conclusão

    Sincronizar o treino com o ciclo menstrual não é uma regra rígida, mas sim uma estratégia inteligente para maximizar o desempenho e o bem-estar feminino. Ao compreender as nuances hormonais de cada fase, adaptar a intensidade e o tipo de exercício, e priorizar hábitos de vida saudáveis como sono, hidratação e nutrição, a mulher pode potencializar seus resultados, reduzir desconfortos e cultivar uma relação mais harmoniosa e poderosa com seu corpo. A autoconexão, facilitada pelo registro dos sintomas do ciclo, entra como uma ferramenta indispensável para essa jornada e permite com que a mulher consiga gerenciar melhor as variáveis que podem impactar positiva e negativamente seus treinos.


    Referências Bibliográficas

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