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    Por mais Tadejs no pelotão

    Estamos assistindo, esse ano, 2024, talvez o Tour de France mais, digamos, sem paradigmas de todos os tempos. Dois franco atiradores brigando de forma aberta, com características avessas entre eles. Porém ambos com aquele sangue no olho que gente espera ver no nosso esporte.

    O ciclismo pra quem o vive é fantástico, um esporte onde vence quem mais sabe sofrer, onde o limite é não os tê-los, um esporte onde diferente de outros, a dor e o sangue não impedem do verdadeiro ciclista cruzar a linha de chegada. Papo pra outro texto.

    Voltemos ao prato principal, o Poggy x Ving, nesta presente década são os maiores adversários no Tour. Um é puro carisma e um sobrenatural desempenho, o outro é número, tática e robotização. Mérito fantástico de ambos, e com isso lá se vão 4 títulos de Tour, dois pra cada. Podemos estar presenciando o que dizíamos ser improvável nos últimos tempos: um doubble, Giro + Tour. O esloveno Tadej Pogacar está a uma semana de o conseguir, e depois tem foco olímpico e será que tentará o que podemos apelidar de TGT, triple grand tours? Tour + Giro + Vuelta. Será? Enfim, as duas últimas etapas foram algo sem precedentes, um ataque fulminante ontem, dia 13/07 e um dia 14/7, colocou o esloveno a mais de 3 minutos frente ao dinamarquês Jonas Vingegaard.

    Poggy traz pro ciclismo uma nova conduta, uma nova forma de se colocar frente ao esporte e seus oponentes, na opinião deste acalorado fã que vos escreve.

    Vejo o Tadej como um divisor de águas do ciclismo, antes um esporte de caras sisudas, competidores que mais pareciam inimigos, de trocas de farpas, aquele velho sangue que “fazia” vender jornal. E para fãs das magrelas isso é tão demodé.

    Palmas a Tadej que mostra a sobrenaturalidade do atleta diferenciado em seus resultados - que basta pesquisar no google que vocês poderão comprovar o que digo - mas também um ser humano normal que erra, que tem fraquezas e o melhor, que as assume sem desculpas e sempre tem um sorriso no rosto, uma glória em seus atos, digna de um nome que já entrou pra história do ciclismo. Acredito que antes de Pogacar, apenas Eddy Merckx, e digo, apenas Eddy Merckx, simplesmente o maior de todos os tempos, teve resultados tão expressivos quanto o esloveno, que performa bem nos Grands Tours (provas por etapa de 21 dias), nas chamadas clássicas (provas duríssimas de 1 dias), em modalidades como contra-relógios, foi medalista olímpico na última edição… enfim… o cara é foda! E ainda traz leveza a esse esporte tão duro e demanda tanto do corpo e da mente humana.

    E o Jonas tá longe de ser um mero coadjuvante, foi ele quem quebrou nos dois últimos anos a hegemonia do esloveno, trouxe pro World Tour um das mais fantásticas rivalidades. Vínhamos de um era inglesa na última década onde a equipe que conhecemos hoje como Ineos Granadiers teve domínio praticamente absoluto, fruto de um projeto britânico de desenvolvimento do esporte, que foi primeiramente quebrado por um esloveno ambicioso e depois por uma metódica equipe holandesa de grandes glórias passadas, hoje chamada Visma. Essa equipe trouxe ainda mais tecnologia e estratégia pro cenário, coisas que julgávamos ser praticamente impossíveis depois da Ineos. Porém o impossível está aí pra ser abatido. A essa nova geração eu pessoalmente só posso dizer muito obrigado por trazer para esse esporte um que de humanização que sempre achei fundamental, por mais Tadejs, por brigas abertas como as desse Tour. Por mais ciclismo em nossas vidas.

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    2 comentários

    Sem dúvida dois excelentes ciclistas, mas não podemos deixar de enaltecer o trabalho das duas equipes. A UAE está mais estruturada nesse ano e creio que Sepp faz falta na Visma. E como citou um comentarista, o Vinge precisa mais equipe do que Pog. Enfim, ganhamos nós com o espetáculo que o Tour e os dois nos proporcionam em 2024. Haja pernas e emoção.

    Arthur Biagioni Junior

    Parabéns pelo texto!

    Marco Diniz

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