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  • As Clássicas de Abril poderiam começar em qualquer lugar, desde que fossem em Flandres.

    As Clássicas de Abril poderiam começar em qualquer lugar, desde que fossem em Flandres.

    Tentando reviver um mundo pré-pandemia, o ciclismo retoma seu calendário quase tradicional. E isso significa: as clássicas em abril. Quem não se lembra da Paris-Roubaix cancelada em 2020? Disputada no final do ano passado? Vendo pelo lado bom, essa bagunça nos permitiu esperar apenas seis meses pela nova edição. Pelo lado ruim, Sonny Colbrelli não teve um ano para desfrutar da bela conquista no velódromo de Roubaix (mas esse tem problemas ainda maiores e pode até se aposentar precocemente)
    Provas “de um dia” tem ao longo do ano todo. Mas nessa época elas são mais intensas e, melhor, reúne as principais. Três dos quatro domingos de abril serão ocupados por elas, as Clássicas Monumento: Volta de Flandres (3/4), Paris-Roubaix (17/4) e Liège-Bastogne-Lìege (24/4). O outro domingo fica com a ótima clássica holandesa Amstel Gold Race (10/4).

     Wout van Aert bateu Tom Pidcock ano passado em um sprint milimétrico

    Aliás, esse é o ponto mais curioso dessa temporada. Reformulando, é a resistência de algo ainda atípico nesse calendário. Desde que eu acompanho ciclismo, os caras mais fortes do pelotão disputam as clássicas de pavê (Flandres e Roubaix como destaque) e, depois, um outro perfil de ciclistas disputa as Clássicas Ardenas, uma sequência de três provas: Amstel, Flèche-Wallone e coroado pela Liège. Em função da eleição presidencial na França, no dia 10/4, Amstel e Roubaix inverteram datas. Problema? Nenhum.

    As edições recentes da Amstel foram vencidas por favoritos e ciclistas bem-sucedidos nos pavês, como Philippe Gilbert, Mathieu Van der Poel e Wout van Aert. Este último, atual campeão da Amstel, busca em 2022 sua consagração definitiva nos paralelepípedos. Em outras palavras, Van Aert quer uma Monumento de Abril no seu currículo e não esconde isso de ninguém.

    Kasper Asgreen superou MVDP para vencer a Volta de Flandres 2021. Esse ano volta o público e as bandeiras amarelas

    O que “sobrou” das Ardenas (Flèche Wallone e Liège-Bastogne-Liège) ainda parece terreno para outros estilos de ciclistas. Principalmente os “punchers” – caras que passam as subidas e ainda conseguem um gás no sprint –, como o francês Julian Alaphilippe, e nomes recorrentes nas disputas das grandes voltas. Melhor ilustração impossível: o bicampeão do Tour de France Tadej Pogcar é o atual campeão da LBL, sucedendo seu compatriota e maior rival, Primoz Roglic.

    Pogacar venceu duas Monumentos na temporada passada e está de olho em Flandres

    Do óbvio surge o contraditório e algo muito positivo sobre o momento que vivemos no ciclismo. Tadej Pogacar decidiu apostar suas fichas na Volta de Flandres. Os duros e repetidos Bergs através de Flandres não botaram medo no esloveno. E, acreditem, não é impossível que ele esteja na briga pela vitória. Uma pena que o eritreu Biniam Girmay (Intermache-Wanty) não estará na prova depois do belíssimo título na Gent-Wevelgem. Peter Sagan (Total Energies) é outra ausência lamentada.

    Peter Sagan venceu Flandres em 2016

    No ciclismo feminino, as Clássicas de Abril são ainda mais destacadas. Pois são os únicos eventos WT do período. Felizmente, todos os eventos possuem as versões para as mulheres disputados no mesmo dia. Exceto a Paris-Roubaix, que ocorre um dia antes (confira o resumo abaixo). Entre as muitas curiosidades que o ciclismo feminino me desperta, quero muito saber quem vai suceder Anna Van der Breggen depois de sete vitórias consecutivas na Flèche-Wallone. Você tem um palpite para quem chega em primeiro no topo do Mur de Huy?

    Sete vezes campeã, Van der Breggen agora estará no carro da equipe SDworx

    Você dificilmente vai ler aqui ou me ouvir no Gregario Cycling falando que um evento é melhor ou mais relevante do que outro. Até posso ter questões de gosto. Mas prefiro brincar que só precisa escolher uma prova quem periodiza performance. Entretanto é curioso notar que nesse calendário o que mais enche os olhos não está guardado para o final. Logo de cara surge a Volta de Flandres (ou Ronde Van Vlaanderen). Um hino de amor ao ciclismo. A melhor expressão de um país apaixonado pelas corridas de bicicleta do mundo.

    Annemiek Van Vleuten se equilibra no icônico Oude Kwaremont

    Quem já viveu não esquece. E por isso recomendo o surreal depoimento do mestre Igor Quintella ao Gregario. Sinta-se na Bélgica por alguns minutos.

    Neste domingo (3/4), a prova não vai ter transmissão pela TV. Estará disponível apenas para quem for assinante do plano Star+, que inclui os canais ESPN. Existem boas opções para assinar esse streaming com preços sedutores. Mesmo que fosse só para assistir Flandres, já diria que vale a pena.

    PRINCIPAIS CLÁSSICAS DE ABRIL
    3/4 – VOLTA DE FLANDRES (homens e mulheres)
    10/4 – AMSTEL GOLD RACE (homens e mulheres)
    16/4 – PARIS-ROUBAIX FEMMES
    17/4  – PARIS-ROUBAIX

    20/4 – La Flèche Wallonne (homens e mulheres)

    24/4 – Liège-Bastogne-Liège (homens e mulheres)

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