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    A dança das cadeiras de todo ano: para quais equipes vão os atletas?

    Avancini saiu da Cannondale, Viadurre deixou a Scott e foi pra Specialized, marcas grandes ainda não anunciaram nada. Vários brasileiros importantes sem time. O que vem por aí? – Por Breno Bizinoto

     

    Estamos a poucos dias de saber qual será a nova equipe de Henrique Avancini. Alguns nomes como Specialized perderam força – e olha que esse era o palpite mais bem cotado, pelo vazamento de uma foto de um suposto atleta “desconhecido”, mas com postura bem parecida à do Avancini, pedalando uma S-Works.

    A marca americana já anunciou suas contratações de peso: Martin Viadurre e Victor Koretzky. O chileno Viadurre estava na sub 23 pedalando de Scott, vencendo todas as provas da World Cup UCI, o que nos induzia ao pensamento de que ele seria o novo companheiro de Nino Schurter. Bobagem. Vai fazer a sua estreia na elite na grande concorrente vermelhinha.

    O francês Victor Koretzky já tinha anunciado sua contratação pela Bora-Hansgrohe, o que fez todo mundo entender que ele iria andar de Specialized, mas demorou alguns dias para anunciarem que ele estaria também na Specialized Factory Racing. Resta saber com qual camisa ele vai correr, Bora ou SFR?. Tudo indica que a Specialized não vai anunciar novos atletas, o que tirou o boato do Avancini de lá.

    Algo me diz que esse ano tivemos uma reviravolta imensa entre atletas e equipes, mas se a gente puxar um histórico de cada temporada podemos relembrar de outros anos em que a reviravolta de contratações no estilo plot twist foram bem intensas.

    Lembram-se de quando a Scott tirou sua pop star Kate Courtney da Specialized? Foi uma das maiores reviravoltas no mundo da bike. Para se ter ideia de como ela era fiel à marca anterior, a atleta chegou a recusar a oferta, pois não conseguiria se adaptar à uma nova equipe sem o seu fiel mecânico que a acompanhava na Specialized.

    Para efetuar o contrato, a Scott teve que contratar também o mecânico. Brad Copeland também passou a ser Scott-Sram.

    Recebi dúvidas e dicas dos atletas brasileiros que ainda estão sem equipe, junto das principais especulações.

    Os boatos de que Henrique Avancini pode voltar para a Caloi são fortes, por uma estratégia de marketing onde ele volta a competir no time que deu seus primeiros passos importantes da carreira. Vale lembrar que ele sempre gerenciou o time de base da Caloi.

    A Santa Cruz também é um nome forte, visto que a empresa tem sua base em Petrópolis e já patrocina outros atletas de lá. Maxime Marotte se desligou da marca e até agora eles não anunciaram um novo integrante, o que deixa o boato ainda mais forte. Canyon e Trek também aparecem como nomes bem cotados, inclusive com seguidores jurando de pés juntos terem vistos fotos vazadas dessas bicicletas na loja de bike da família do Henrique – fato que pode ser verdade e ao mesmo tempo irrelevante.

    Edson Rezende também está deixando a gente curioso. O cara terminou a Brasil Ride com um pódio geral muito importante e no dia seguinte estava sem time. Pode ser uma história triste de um atleta que ficou sem patrocínio, como pode ser uma história legal de uma nova oportunidade que surge pelo seu bom resultado. A DMT é uma equipe que contrata atletas com foco em maratonas, portanto, eles podem ter visto o bom resultado dele ali.

    Mario Couto largou a Sense (depois de quase 7 anos na marca) e postou spoilers da sua nova bicicleta e uniforme. Ele mostrou a silhueta de uma bicicleta full suspension com amortecedor traseiro horizontal no top tube, o que já elimina muitas possibilidades. As principais marcas que utilizam este tipo de amortecedor são: Cannondale, Specialized e Oggi. Por fim, anunciou poucos dias depois a sua parceria com a Specialized por intermédio do patrocinador Formula Bike – o que nos leva a abordar a grande importância das equipes que não são das marcas e fábricas.

    Marcela Lima já rodou várias marcas e dessa vez se desligou da Groove. Ela já avisou logo no primeiro dia que já tinha fechado com uma nova marca, então tudo indica que recebeu uma boa proposta, melhor que anterior. Antes de especular que proposta é essa, vamos lembrar que o ano dela foi bem diferente de outros atletas brasileiros. Ela venceu uma etapa de Copa do Mundo de MTB Eliminator e se deu muito bem em outras etapas internacionais, teve bastante contato com marcas gringas e gerou atenção em modalidades que não são tão famosas aqui no Brasil. Além do Eliminator, ela demonstra ter muita força em provas de curta duração, o que nos leva a questionar principalmente: Será que ela vai tentar uma nova modalidade? Eu acho que seria saudável para a carreira dela.

    Diego Knob também saiu da Sense. Não se sabe ao certo se já tem algo fechado, mas vamos lembrar que as possibilidades são muitas. Em seus anos de atleta Sense o cara teve aparições em XCO, XCC, Enduro, Downhill, E-XCO e E-Enduro. Até fez algumas ações de marketing com road e construiu muitas pistas pelo Brasil. Algo me diz que o cara tem tudo para empreender um projeto grande paralelo à vida de atleta.

    O triatleta Diogo Sclebin tambem comunicou o seu desligamento da Sense, após cinco anos com a marca. O cara tem duas olimpíadas no currículo e ja deve ter algo muito interessante para apresentar, mas não deixou nenhuma dica.

    Henrique Bravo é um nome que vai aparecer esse ano, finalmente. Em uma maturidade incrível, ele já vem namorando a Sense à algum tempo, mas tudo indica que a relação não foi pra frente. Temos visto que o Bravinho está passando muitos dias treinando em seu quintal de casa com ninguém menos do que José Gabriel, da Oggi, seu novo vizinho que a pouco tempo se mudou pra Nova Lima. A ideia de o Bravinho foi para Specialized Brasil também é forte, por que tem o perfil de atletas já contratados pela marca. Alex Malacarne, Erick Bruske (que já saiu), Gustavo Xavier, todos entraram lá muito cedo e com o mesmo perfil de garotos que estavam atropelando até os marmanjos das categorias acima.

    Fala-se muito sobre onde a Red Bull vai entrar nessa história. Será que eles encerram com o Avancini? Acho difícil, pois eles não têm o perfil de rotatividade entre atletas. As transmissões da World Cup duraram 10 anos e agora vão se encerrar, o que indica que eles mudaram a estratégia no MTB. Pode ser que eles estejam tirando o pé dos investimentos nesse esporte para investir em outro, assim como pode ser que estejam redirecionando os recursos, com intuito de organizarem novas ações no MTB.

    Nunca passou pela minha cabeça a existência de um time Red Bull, nem a contratação de vários atletas de forma indeliberada. Os critérios de contratação deles são sempre muito exigentes e envolvem muitos aspectos além de resultados. É uma empresa que carrega o lifestyle. Por falar nisso, sabem quem é um dos conselheiros da Red Bull para a contratação e administração de atletas? Brad Copeland, o mecânico de Kate Courtney na Scott. Vale lembrar que ele esteve no Brasil em fevereiro e provavelmente fez o seu trabalho de olheiro/ Head Hunter por aqui. Ele me deu um spoiler na entrevista que gravamos: estava de olho em atletas jovens que sabiam falar inglês.

    Mais uma vez, eu falo sobre as diferenças que o nosso esporte tem com o futebol. Um jogador que sai do Flamengo e vai pro Botafogo é um traidor. Sair do Cruzeiro e entrar no Atlético é atestado de mercenarismo anti-desportivo. Até que isso é uma herança antiga do futebol e talvez não se aplique nos dias de hoje, mas no ciclismo sempre foi diferente. Aqui a gente não torce pra um time só, torcemos pra vários. E muito menos torcemos para um único atleta, ficamos satisfeitos com todas as vitórias. E menos ainda, nos importamos se um cara sai da Scott e vai pra Specialized. É algo normal e saudável para os atletas, para as marcas e para as disputas que vamos assistir.

    E tentando adivinhar o que tá rolando nessa dança das cadeiras de todo ano, acontecem a nossas discussões de boteco. A gente se diverte. Boas apostas e sigam acompanhando as revelações dos próximos dias!


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