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    A chapa esquentou

    Por Leandro Bittar

    Desde que o Burguer King assinou com a equipe Eolo-Kometa, dirigada por Alberto Contador e Ivan Basso, o assunto não saiu da minha cabeça. Faz sentido as marcas de fast food patrocinarem o ciclismo e o esporte de alta performance como um todo? Parece que sim e existem bons exemplos para provar. Se de um lado elas miram os apaixonados pelo esporte (os consumidores), do outro elas também aproveitam para associar sua imagem com saúde e bem-estar.

    Neste caso, o acordo envolve a divisão da BK na Itália. A estreia do novo uniforme só aconteceu nessa semana, com o início do calendário italiano no Trofeo Laigueglia. Mas quem observa os anúncios recentes da marca, inclusive aqui no Brasil, nota um foco em tentar se aproximar de um termo que tem sido utilizado com muita frequência: comida de verdade. Eles afirmam ter retirado 87% dos ingredientes de origem artificial de seu cardápio e que vão atingir 100% até 2025. Mesma abordagem do outro patrocinador principal da equipe, a Kometa. Uma empresa húngara de embutidos e derivados do leite, que usa a hashtag #HonestFood, replicada pela equipe de ciclismo.

     

    Assim que o anúncio foi feito, confesso, me chamou a atenção a ironia de que a equipe do Alberto Contador está sendo bancada pelo famoso hambúrguer enquanto ele se assumiu vegetariano por anos, depois daquela fatídica situação do antidoping positivo por clembuterol. Na época, o espanhol colocou a culpa na carne de Irún, uma importante cidade do País-Basco, que, aliás, possui uma loja do BK.

    Cornetas fora, esse não é o primeiro patrocínio de fast-food ou mesmo comida “besteira”. Na virada dos anos 2000, a Amica Chips patrocinou uma equipe italiana, da qual, inclusive, Ivan Basso foi integrante. As batatinhas ‘tipo Pringles’ eram promovidas pelos ciclistas, como Claudio Chiappucci e Evgeni Berzin, que posavam pedalando e comendo os enormes pacotes.


    Grande rival global do Burguer King, o McDonalds também já fez uma incursão no mundo duas rodas. Novamente, em uma esquadra italiana, a Amore&Vitta. Entre 2006 e 2009, o time também conhecido como ‘equipe do Papa’ teve como patrocinador máster a hamburgueria norte-americana. Rendeu até uma matéria na extinta Revista VO2, de onde tiramos as imagens que ilustram essa pauta.

    Além das poses para as fotos, os ciclistas, em geral, evitam consumir esse tipo de refeição. Os hambúrgueres estão presentes em momentos especiais, como finais de grandes voltas, mas, em geral, são produzidos pelos chefs de cozinha das próprias delegações. Exceção mítica para o norte-americano Chris Horner, campeão da Vuelta de 2013. Ele foi flagrado inúmeras vezes no McDonalds durante as corridas e fazia disso até um pouco do seu marketing pessoal. Como vocês podem se deliciar nesse texto dele (em inglês).  http://chrishornerracing.com/articles/2010/1/8/nutrition.html

     

    Outro que embarcou na onda do fast food é a jovem celebridade belga Remco Evenepoel. Ele é o garoto propaganda da Pizza Hut na Bélgica e tem até uma versão de pizza com a marca dele. Com certeza, ele visita o patrocinador com moderação. No passado ele foi cornetado pelo patrão Pat Lefevere por estar “gordinho”.

    São muitos outros exemplos, como a Garmin (hoje EF Education), que teve patrocínio da Chipotle, fast-food de comida mexicana. E fica uma pergunta: você consumiria algumas dessas marcas por que elas apoiam o ciclismo? Ou ciclismo e fast food não tem nada a ver?

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